
Poliquetas
Os poliquetas são vermes segmentados que pertencem ao Filo Annelida. Eles são encontrados em ambientes aquáticos e a maior parte das espécies são bênticas, ou seja, vivem associadas ao sedimento. No Brasil, alguns poliquetas são eurialinos (AMARAL,1984) e, por isso, podem ser encontrados em regiões estuarinas. Eles fazem parte de uma parcela significativa na cadeia alimentar de peixes e aves, como por exemplo, peixe baiacu, peixe anjo, e o maçarico (uma ave migratória do hemisfério norte que habita os Estados Unidos e o Canadá). Os poliquetas ao se alimentarem, convertem a matéria orgânica particulada em biomassa animal, que servirá de alimento para peixes demersais (AMARAL e MIGOTTO, 1980; KAWAKAMI e AMARAL, 1983; SOARES et al., 1993; AMARAL et al., 1994). Os poliquetas também atuam no processo de bioturbação, que consiste na movimentação do solo contribuindo para a reciclagem de nutrientes e aeração de sedimentos marinhos e estuarinos (LANA et al., 2007).
Alitta succinea


Essa espécie possui um corpo robusto com regiões distintas: prostômio com dois pares de olhos, um par de pequenas antenas, quatro pares de cirros tentaculares, um par de palpos; faringe eversível (probóscide) dividida em anéis oral e mandibular, ambos com presença de paragnatas cônicas, arranjadas em áreas determinadas, e lígulas notopodiais dorsais alongadas nos parapódios posteriores (característica distintiva da espécie) (Amaral, 1996). Pode ser encontrada em uma variedade de habitats não sedimentares, ocupando fendas entre as conchas de ostras, entre cracas, associados com mexilhões, às massas da esponja e outros tipos de habitats epifaunais (Pettibone, 1963; Muus, 1967; Dauer, 1973; Dauer et al., 1982; Powers, 1999; Sagasti et al., 2000). É uma espécie detritívora com grande capacidade de bioacumulação, e faz a conexão entre os detritos acumulados no sedimento e os organismos de níveis tróficos superiores incluindo aves e peixes (Dauer, 1973; Pettibone, 1963)..
Armandia hossfeldi


Apresenta corpo longo e fino, com a presença de sulcos laterais que auxiliam na respiração quando estão enterrados, pois facilitam a passagem de água pelas brânquias (Elias et al 2003). São facilmente encontrados em substratos arenosos e também lamosos (Rouse e Pleijel, 2001). São ativos escavadores e capazes de penetrar rapidamente no substrato através de movimentos peristálticos (Blake, 2000; Rouse e Pleijel, 2001). Geralmente eles se alimentam de material depositado no fundo, não selecionando o alimento (Blake, 2000).
Contudo, algumas espécies selecionam seu alimento e têm sua dieta em copépodes mortos. Algumas espécies aparentemente obtêm sua nutrição através da ingestão de matéria orgânica presente no sedimento.
Diopatra sp.


Glycinde multidens


Principais características: Ocorrem em fundos arenosos, areno-lodosos e lodosos
das baías, mangues, gamboas e na plataforma continental, desde a região entre-
marés até 60 metros de profundidade.
Isolda pulchella e o tubo da espécie


Principais características: São comuns em regiões estuarinas e habitam
sedimentos areno-lodosos. Apresentam pouca mobilidade, vivendo no interior de tubos que eles mesmos constroem. Geralmente se alimentam de partículas suspensas na água e utilizam seus tentáculos para isto. As partículas são capturadas pelos
tentáculos e transportadas até a boca fazendo um tipo de seleção durante o processo
(Fauchald and Jumars,1979).
Laeonereis pandoensis


Principais características: Fundos de areia fina e areno-lodosos, em gamboas e
manguezais, desde a região entre-marés até um metro de profundidade.
Referências
AMARAL, A. CECÍLIA Z. 1996. Annelida Polychaeta: características, glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. Campinas, SP. Editora da
UNICAMP
Blake, J. A., 2000. Capítulo 7. Family Opheliidae Malmgren, 1867. In Blake, J. A. H. B. e Scott. P. V., Taxonomic Atlas of the Benthic Fauna of the Santa Maria Basin and the Western Santa Maria Barbara Channel volume 7 The Annelida Part 4. Santa Barbara, California: Santa Barbara Museum of Natural History, p. 47-97.
PETTIBONE, M. H. 1963. Marine polychaete worms of the New England region 1. Aphroditidae through Trochochaetidae. U. S. Natl. Mus. 227: 1-36.
MUUS, B. J. 1967. The fauna of Danish estuaries and lagoons. Med Danmarks Fiskeri Havund. 5: 1–316.
DAUER, D. M. 1973. Polychaete fauna associated with Gulf of Mexico sponges. Florida Sci. 36: 192–195.
DAUER, D. M., G. H. TOURTELLOTTE & R. M. EWING. 1982. Oyster shells and artificial worm tubes: the role of refuges in structuring benthic infaunal communities. Int. Rev. Ges. Hydrobiol. 67:661–677.
POWERS, S. P. 1999. Supply-settlement relationships in an estuarine fouling community. Gulf Res. Rep. 10: 79.
SAGASTI, A., L. C. SCHAFFNER & J. E. DUFFY. 2000. Epifaunal communities thrive in an estuary with hypoxic episodes. Estuaries 23: 474–487.